20/06/09

Intermezzo lírico

Deixem-me falar só um bocadinho de mim (para o que me havia de dar…):

Sou em tudo um homem vulgar da minha geração, da minha classe, da minha parte do mundo. O único que há de invulgar em mim é que não sei nadar, não sei conduzir e tinha 2 molares supranumerários, isto é, teria 34 dentes no total, se não tivesse arrancado nenhum.

No geral, tenho tido sorte na vida. Nunca parti nenhum osso, por exemplo. Nem nunca desmaiei. A única forma que conheço de perder a consciência é adormecer. Se tudo assim continuar – e não morrer a dormir… – a morte há-de, pois, trazer-me uma experiência nova, a da perda súbita de consciência…

1 comentário:

Guiomar Belo Marques© disse...

A principal diferença entre mim e ti é a de saber nadar, embora só de bruços e costas, e me terem caído, com a simplicidade da idade, dois molares caducos e cheiinhos de chumbos. Uma benção da Natureza, que me poupou os muitos euros que um dentista me cobraria para fazer aquilo que ela achou por bem determinar. Faltam-me outros três arrancados quando era jovem. Também senti o efeito de uma anestesia geral, mas foi por o Pedro estar sentado na minha barriga e ter nascido de cesariana. Seja como for, às vezes, quando estou quase a adormecer, sinto que morro um pouco. À conta dessa inquietação já tive milhares de insónias.