tag:blogger.com,1999:blog-2874386790023925718.post4399364662522099900..comments2024-03-27T19:21:14.218+02:00Comments on Travessa do Fala-Só: Porque é que os moçambicanos dizem prômôção?Vítor Lindegaardhttp://www.blogger.com/profile/06993438398319242184noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-2874386790023925718.post-32850484138689396152016-06-28T12:26:38.264+02:002016-06-28T12:26:38.264+02:00Cara Elda Santos,
Muito obrigado pelo elogio e pe...Cara Elda Santos,<br /><br />Muito obrigado pelo elogio e pelo comentário. Nunca tenho comentários de especialistas de língua e fiquei tão surpreendido como agradado quando vi o seu comentário. Conheço os seus trabalhos incluídos em <i>Português Moçambicano, Estudos e reflexões</i>. Peço desculpa de só agora responder, mas tenho andado muito ocupado e tudo o que se relaciona com o blogue tem estado parado.<br /> <br />Sim, tenho plena consciência da pronúncia [ɔ] em início de palavra e do [ɔ] átono resultante de crase após síncope de consoante intervocálica (e de outros casos até, menos sistemáticos, de termos científicos e estrangeirismos, por exemplo). Neste texto, tentei cingir-me só ao tema principal e não entrar muito em pormenores técnicos, para alargar o público-alvo, digamos assim, mas nem sempre é possível fazê-lo. Se vir o texto mais recente do blogue na altura em que estou a escrever isto (aqui: http://bit.ly/290ozGZ), a própria natureza da discussão obriga-me a abordar as questões que refere, precisamente, das razões da pronúncia aberta «excecional» das vogais átonas. <br /><br />Também conheço a tendência de muitos moçambicanos para a regularização da pronúncia das vogais átonas em contextos onde elas excecionalmente se pronunciam «abertas», como nos casos que refere, ou outros como esqu[ə]cer, etc. Essa tendência não é, aliás, exclusiva de falantes do português como língua segunda. O mesmo se verifica em Portugal. Se é certo que em Portugal ninguém diz s[u]zinho ou esqu[ə]cer, porque são palavras com uma grande taxa de ocorrência, isto é, exceções facilmente interiorizáveis, há outras em que a pronúncia de vogais pretónicas é instável, como as que discuto no texto atrás referido e outras (cromático, por exemplo, mas há muitas outras). <br /><br />Agora, para haver essa tendência para a regularização de [ɛ] e [ɔ] pretónicos em [ə] e [u], tem de haver input suficiente para interiorização da regra e insuficiente para a interiorização da exceção. Como diz, tudo isto é complexo e é difícil aprender regras e exceções quando não há input suficiente. Nunca vivi em Maputo, só no Alto Molócuè e no Chimoio, mas creio que, nesse aspeto, a realidade do português da capital é ainda substancialmente diferente do resto do país, mesmo de cidades grandes. Se aí já funciona em grande medida a tendência para o excesso de regularização, digamos assim, em muitos lugares de Moçambique, o português continua a ser uma língua realmente estrangeira, pelo menos no sentido em que mesmo o modelo para regras básicas é muito insuficiente. Daí que me tenha surgido esta tentativa de explicação para algo que, doutra forma, não vejo como se possa explicar. <br /><br />Mas, enfim, o português está a crescer em Moçambique e criar a sua própria variedade e ainda bem — para os moçambicanos e para o português. <br /><br />Muito obrigado pelo seu comentário, e muitos cumprimentos da Dinamarca.<br /><br />P. S. : O glossário está estagnado, infelizmente. Para crescer, preciso de lhe alterar a ideia de base (acrescentar informação dos dicionários existentes, e não só do que fui eu próprio encontrado e das sugestões de leitores) e, sobretudo, mudar de formato, porque o formato atual é pouco prático. Mas não posso, neste momento, lançar-me em tão grande trabalho.Vítor Lindegaardhttps://www.blogger.com/profile/06993438398319242184noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2874386790023925718.post-86661680473924034342016-06-09T10:42:23.563+02:002016-06-09T10:42:23.563+02:00Caro Sr. Lindegaard,
Em primeiro lugar, gostaria d...Caro Sr. Lindegaard,<br />Em primeiro lugar, gostaria de lhe dar os meus parabéns pelo seu trabalho aqui publicado. Sou professora de língua portuguesa em Moçambique e residente neste país há mais de quarenta anos. Foi esta a primeira vez que acedi ao seu glossário de moçambicanismos e, a partir dele, a este blogue, porque só há pouco mais de um ano me deixei interessar por este tipo de pesquisas usando o google. Até aqui usava sempre os livros e dicionários tradicionais (em papel). <br />Quanto à(s) causa(s) da pronúncia do átono como [o] e não [u] pelos jovens moçambicanos, penso que a sua sugestão de que os aprendentes de português leem (ou pronunciam)o que veem escrito poderá ser um caminho a seguir em pesquisas futuras a partir das suas observações empíricas com os aprendentes estrangeiros de português.<br />Sabemos que no português europeu (PE) esta vogal átona é normalmente pronunciada como [u] ou é reduzida (quase suprimida) em posição de final absoluto de palavra . No entanto, há alguns contextos fonéticos no PE em que se pronuncia [o] como no caso da sua ocorrência em início de palavra, que podemos exemplificar com a palavra [o]lhar. E há ainda palavras em que o átono se abre e se pronuncia como se fosse tónico, devido à sua derivação diacrónica, tendo havido a crase. Vejam-se as palavras s[ɔ]mente e s[ɔ]zinho no PE, que são muitas vezes pronunciadas pelos moçambicanos como s[u]mente e s[u]zinho. Aqui os falantes actualizam a regra geral da pronúncia das vogais átonas e não têm em conta a pronúncia da vogal [ɔ] em resultado da crase. Todas estas particularidades da língua portuguesa podem estar a provocar dificuldades na pronúncia das vogais átonas pelos moçambicanos mais jovens, principalmente pela quase ausência de modelos da variedade europeia falada. <br />Muito há ainda para se comentar sobre estes assuntos da língua. Esperemos que outros se interessem por eles. <br />Agradeço a oportunidade que tive de apresentar este comentário.<br />Bom trabalho!Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/00132380620423776428noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-2874386790023925718.post-71412308377730241712010-12-17T16:19:15.159+02:002010-12-17T16:19:15.159+02:00Adorei conhecer a sua página, este blogue e o outr...Adorei conhecer a sua página, este blogue e o outro dos Moçambicanismos. Sou Português nascido em Moçambique onde vivi até aos 25 anos e adoro a sua cultura e formação. Irei muitas vezes ao Moçambicanismos ler, recordar e aprender sobre a minha terra. Tenho no entanto uma opinião diferente sobre " a lingua não se altera de fora..." porque qual será a razão da perda do acento dos Madeirenses e Açorianos?? Influência da Televisão??? Gostaria de alguém que estudasse. Abraço, Hambanine e Kanimanbo. Jorge Preto (preto.jorge@netcabo.pt)Unknownhttps://www.blogger.com/profile/07239823324666011289noreply@blogger.com