Eu espanto-me e é provável que vos aconteça o mesmo: A cada passo tropeço em queixas de que nunca houve, como agora, tanta solidão, tanta violência, tanto medo, tanta intolerância, tanto individualismo, tanto desinteresse no social, tanta uniformização do pensamento… Etc.
E então eu espanto-me e é provável que vos aconteça o mesmo: Nunca ninguém apresenta quaisquer provas do que diz… Mas deixá-lo… Nem sonhem que vou agora aqui argumentar que, se se substituir o tanto por tão pouco, então sim, temos alguma possibilidade de ter razão. Podia fazê-lo, e apresentar números e tudo, mas isso fica adiado, porque agora não me apetece. O que eu quero dizer aqui hoje é outra coisa:
Podem querer acusar-me, e aos outros críticos deste milenarismo de bicha da caixa, de uma contradição fundamental: «Então, tu estás a fazer o mesmo que aqueles que criticas, não vês? Estás a dizer: “Valha-nos Santa Ifigénia, que nunca houve tanta gente a queixar-se como agora!”»
Mas é uma acusação infundada, porque eu não disse isso. Disse só que me espanto, mais nada. Tenho plena consciência de que dizer que «isto nunca esteve tão mau como agora» é comum a todos os tempos e a todos os lugares. Há milhares de anos que isso se diz…
Caro Vítor.
ResponderEliminarEm minha opinião as queixas são um sinal seguro de que o queixoso está a ficar velho. Os tempos mudam, sim senhor, mas nós também mudamos. Quem sabe se ainda mais depressa do que o mundo à nossa volta. E as nossas memórias do que foi são muito selectivas. Eu tenho tendência para lembrar-me das coisas boas.
Um abraço,
Nuno
Pois é, Nuno, gosto da tua explicação para o «isto nunca esteve tão mau»: pode bem ser porque as pessoas só se lembram das coisas boas do passado que o presente lhes parece tão mau. E não há dúvida de que essa distorção se acentua com a idade. Mas posso garantir-te que não só velhos que se queixam…
ResponderEliminarAgora, o que eu peço, nisto de comparar presente com passado como em tudo o resto na vida, é só um bocadinho de objectividade, só tentar ir além das impressões. Também não é pedir muito, ou é?
Um grande abraço