22/08/11

Inventários #2: Cassetes (um inventário com música e publicidade escondida)

Li há algum tempo, não me lembro onde, que os jovens consideram o disco rígido do computador o suporte físico natural da música. Já nem CDs conhecem, quanto mais discos de vinil ou cassetes. E nós, vejam lá, desfizemo-nos agora, primeiro ao sair de Moçambique e depois ao fazer a mudança de Copenhaga para Svendborg, de umas boas centenas de cassetes. Para que queríamos nós cassetes? Bom, em Moçambique usávamo-las para ouvir música no carro. Em muitas daquelas estradas não se consegue ouvir CDs, porque estão constantemente a saltar. E então, quando comprámos o carro, pedimos expressamente um antiquado leitor de cassetes em vez de leitor de CDs e passámos 5 anos a viajar ao som de cassetes. Agora, de volta à Dinamarca, duvidávamos que as cassetes voltassem a ter alguma utilidade e desfizemo-nos delas todas. Bom, de todas, não: ficámos com 5:

1. Paul Tracey’s songs and stories, que tem de um lado canções e do outro lado histórias, todas eles maravilhosas, e que não se encontra já em lado nenhum, nem na loja do autor… Já lhe escrevi a dizer que não tem o direito de deixar desaparecer assim da História a sua música e ele respondeu-me que a imortalidade lhe interessa pouco… Mas vejam e ouçam este vídeo, para ficarem com uma ideia de como é a música dela. É, ao que sei, o único que se encontra dele na internet e é um vídeo curioso: Pelo que percebo, Paul fez uma canção para a sua filha Sarah; e outra filha, Devon, fez um vídeo para a canção do pai.


2. L’organiste barbare, uma obra, que “infelizmente não parece estar legalmente disponível em lado nenhum, do famoso (?) Claude Reboul. Podem vê-lo aqui em ação a partir do segundo minuto:


3. Um concerto gravado na mesa de mistura do Rock Rendez Vous a 9 de outubro de 1983, de uma banda que viria mais tarde a ser bastante conhecida. E eis o primeiro concurso da Travessa: quem adivinhar que banda é, ganha um prémio!...

4. Uma seleção sem título de música alegre, por uma grande banda alemã chamada Trio Bagatelli. Também já não existe e, se editou algum disco, não se o consegue encontrar em lado nenhum.

5. Desert voices I, do sul-africano Jason Armstrong e do moçambicano Gito Balói, infelizmente já falecido. E Desert Voices I, acho que só mesmo em cassete; de Desert Voices II, podem ouvir aqui 4 temas).
Agora, não é de ânimo leve que se deitam fora as cassetes, pelo menos as que têm histórias, e tínhamos muitas cassetes que tinham vindo de todos os lugares que ficam entre S. Francisco, nos EUA, Sucre, na Bolívia, e Medan, na Indonèsia, e que eram recordações de todo o tipo de pessoas, lugares e acontecimentos. Normalmente, o que de menos interessante tinham era a música; ou, se a música por acaso era interessante, já a tínhamos também em CD…     

[Post Post 1] Uma grande parte das nossas cassetes, como uma grande parte das cassetes de toda a gente, eram cópias ilegais, feitas em casa ou compradas já copiadas. Nunca autores nem executantes das músicas viram de direitos delas nem um tostão. É curioso, não se percebe bem porque é que, fazendo-se tanto barulho agora com os downloads e as cópias ilegais de música, nunca ninguém fez muito barulho em relação às cassetes…

[Post Post 2] Isto de só ter guardado 5 cassetes é mentira! Guardei mais, só que as outras não as quis pôr neste mini-inventário…

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