22/11/18

Outono [Crónicas de Svendborg #30]

Aqui na Dinamarca – e seguramente noutros países – o conceito de estação do ano é um pouco diferente daquele que temos em Portugal – e também noutros países, claro está. Em Portugal, temos uma maneira científica, astronómica, de definir as estações: começam num equinócio e duram até ao solstício seguinte ou começam num solstício e duram até ao equinócio seguinte.

Aqui, não é assim: costuma dizer-se que, em princípio, a primavera começa no início de março, o verão no início de junho e assim sucessivamente. Há também marcas naturais, porém, que assinalam as estações. Diz-se que o aparecimento de Erantis e Galanthus anuncia a primavera, mas há quem diga que são os amentilhos das aveleiras que marcam de facto a sua chegada. O aparecimento das últimas folhas (em carvalhos, olmeiros e tílias) marca o começo do verão. E a queda das últimas folhas marca o início do inverno.

De Santos a Natal, é inverno natural, diz um provérbio português. Também na Dinamarca, acho eu. A foliação das árvores dá-se sempre mais ou menos na mesma altura do ano, porque, além da temperatura, depende em grande parte da quantidade de luz solar, que é sempre a mesma de ano para ano. A queda das folhas também se dá sempre mais ou menos na mesma altura, mas depende também do vento, que pode ou não haver. Este ano, o frio e o vento chegaram tarde e tivemos um outono longo, quase que a respeitar a calendarização tradicional: setembro-outubro-novembro. Vi gente cortar relva em meados de novembro, o que nunca tinha visto nos meus sete anos de Tåsinge. E as árvores tinham ainda, até essa altura, muitas folhas outonais. Só esta semana chegou o vento e a paisagem se invernizou.

Muita gente concorda: se o outono aqui é sempre muito bonito, este ano foi ainda mais bonito do que costuma ser. As fotografias são aqui da nossa aldeia, Troense.







2 comentários:

  1. Belas fotos outonais. Esses telhados "Thatched", fui ver na Wikipédia mas não existe entrada em português, usei a do galego em que chamam colmado, em português talvez seja então "de colmo", têm vantagem em relação às telhas ou a placas modernas sintéticas com isolamento? Isto relativo à Dinamarca porque vantagens e desvantagens dependem de geografias, de economias e de legislações.

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  2. Creio que a razão pela qual se mantém as coberturas de colmo é estética. Mantém-se a estrutura de enxaimel (ou lá como se chama a estrutura de madeira...), mantém-se também a cobertura original, e fica tudo como foi originalmente criado. Há quem diga que a cobertura de colmo é mais climatizada e mais ecológica, mas não sei ao certo o que isso significa. Aqui na aldeia temos muitas casas assim, mas já não se encontram assim tantas na Dinamarca: 42.000 no total. Também aqui na aldeia temos 19 casas que são consideradas oficialmente património cultural e que não se podem alterar, pelo menos na estrutura de base. Quanto ao resto, as coberturas de colmo são como um telhado, com um forro de plástico por baixo e depois isolamento. Agora, parece que é um pouco mais caro ter um telhado de colmo, porque os seguros contra incêndios são um bocadinho mais caros. E, se for necessário mudar o colmo, o que se faz normalmente uma vez na vida – duram entre 30 e 50 anos –, isso é com certeza mais dispendioso que substituir telhas, além de que ouvi dizer que agora o colmo é importado da Polónia, o que o torna mais caro, mas também não tenho a certeza absoluta.

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