21/12/12

Desculpem lá! [Crónicas de Svendborg #12]

Apanhei o autocarro das 9:04 para Svendborg, para ir ao dentista. A viagem demora cerca de 20 minutos e custa 22 coroas (3 euros). O autocarro nunca tem muitos passageiros. São, na maior parte, reformados, que vivem aqui na zona (há aqui muitas “casas protegidas”, como lhes chamam, para idosos) e que vão a Svendborg dar uma voltinha.
O autocarro tem também um ecrã, que dá anúncios e notícias. A notícia que repetiram hoje durante toda a viagem, para lá e para cá, era esta, que traduzo e resumo:
Numa crónica no jornal Politiken, o diretor  do Danske Bank [o maior banco dinamarquês] assume a parte de responsabilidade que cabe ao seu banco na crise financeira:
«Nos anos de euforia que precederam crise, quando tudo avançava muito depressa, a maior parte dos bancos ficou cega com a velocidade. O Danske Bank também.»
E pede desculpa por o banco ter vendido produtos financeiros que só muito poucos clientes e empregados do banco compreendiam. Além disso, reconhece muitos investimentos falhados e refere em especial as incursões altamente deficitárias no mercado irlandês.
“Para correspondermos às expectativas de crescimento dos mercados e dos investidores, e para nos proporcionarmos a nós próprio e aos nossos clientes lucros a curto prazo, perdemos em certa medida a perspetiva dos valores a longo prazo. Reconhecemos isso e lamentamo-lo.»
«É um pedido de desculpas?», perguntou-lhe mais tarde um jornalista.
«Sim, pode considerar-se um pedido de desculpas.»
Foi esta a notícia que vi muitas vezes no autocarro para Svendborg. Estava frio, hoje, perto dos zeros graus, mas o autocarro está sempre quentinho, agradável.  

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