20/08/18

Enfim...

Quatro excertos de textos que encontrei na Internet (traduzo e sublinho eu):
A famosa sequência de Fibonacci cativou matemáticos, artistas, designers e cientistas por séculos. Também conhecida como Proporção Áurea, a sua omnipresença e a sua surpreendente funcionalidade na natureza sugere a sua importância como característica fundamental do universo. (Daqui.) 
Os números de Fibonacci são o sistema numérico da natureza. Aparecem em toda parte na natureza, desde a organização de folhas nas plantas até ao padrão das flores reduzidas no capítulo de uma flor composta, as escamas de uma pinha ou de um ananás. (Daqui
A Proporção Áurea manifesta-se em muitos lugares do universo, incluindo a Terra, faz parte da natureza da Terra e faz parte de nós. (Daqui)
Não seria estranho se precisamente o mesmo padrão fosse encontrado em diversas formas de vida em todo o universo? Bem, esse padrão existe e chama-se Proporção Áurea. (Daqui
São exemplos de afirmações que se fazem sobre duas coisas relacionadas, a progressão de Fibonacci e a Proporção de Ouro. Podia falar da muita batota que há no fazer coincidir formas naturais e formas geométricas, podia dizer que pretender conhecer os padrões de formas de vida em todo o universo (ena!) me parece algo exagerado, mas não, deixo isso tudo de lado. digo só que me parece muito estranho pressupor que a taxa de ocorrência na natureza de formas geradas por uma determinada sequência numérica seja superior à das formas geradas por outras sequências geométricas. Hmmm…

Posso estar a ver mal a coisa, mas parece-me que o valor de verdade da afirmação de que há uma grande taxa de ocorrência na natureza – mesmo que isso queira significar apenas «acima da média» – é claramente inverificável. Para não ser impressão contra impressão, que não leva a lado nenhum, proponho o seguinte: Observem qualquer porção aleatoriamente escolhida da natureza, como a imagem abaixo, e digam-me quantas formas ocorrem; quais ocorrem mais, no caso de haver repetições; e, já agora, que sequência numérica as gera. Repitam a experiência com um número de paisagens que considerem significativo (um bocado de maqui provençal, que sei eu?, de desfiladeiro andino, de floresta de miombo, de deserto indiano, de… de… de…) e digam-me a que conclusões chegaram sobre que formas são mais recorrentes e em que lugar aparece a espiral gerada pela sequência de Fibonacci. Depois, retomamos a conversa.


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