Neste prédio em Faaborg vê-se, lá em cima, a palavra apotek, «farmácia», grafada à moda antiga, ainda com th, e, em baixo, onde deve ter já havido uma farmácia, uma boutique, ou seja, uma loja de modas — às vezes designada, na Dinamarca com em Portugal, com a palavra francesa, para ser mais fina… Em dinamarquês, loja — quando não é modas — diz-se butik, que é a mesma palavra, mas sem francesices.
Ora apotek é uma forma muito próxima do étimo grego de onde deriva, ᾰ̓ποθήκη, «arrecadação, armazém» (geralmente transliterado apotheke) e de onde derivam também as palavras butik e boutique. Usa-se ainda em dinamarquês outra palavra derivada do mesmo étimo e importada do castelhano, bodega, para designar uma taberna, um bar popular.
Parece que bodega tem também este sentido em português, mas eu conheço-a antes com outro sentido, que vocês também conhecem. Em português, além de bodega e do francesismo boutique, o grego apotheke deu ainda botica e adega. Adega é uma forma já atestada em galego-português, ao passo que botica é um aportuguesamento mais tardio do francês boutique, que é, por sua vez, um afrancesamento, se se pode dizer assim, do provençal botiga/botica, que vem da latinização do termo grego em apotheca.
Muitas voltas dão estas palavras.
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