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Há vários tipos de terror, como todos sabemos. Um amigo teve uma vez a ideia de um conto de terror em que, em vez de histórias noturnas de criaturas do outro mundo, se contasse o horror de alguém que passava, de barriga e bolsos vazios, diante das montras das tascas da Baixa lisboeta. Com a ideia dele, em vez de conto, fiz uma cantiga, que chegou a ser cantada, mas, felizmente, nunca foi gravada. “Um terror indizível / arrepios / calafrios / suores frios” era o refrão.Agora vejam lá: há dias, fui procurar o que devia ser o único exemplar restante nesta casa de Faz de conta que histórias, um livro de contos meus, e não o encontrei. Não que eu precise de um exemplar do livro, até porque o tenho, claro está, em versão digital. O problema é que o exemplar que eu esperava encontrar cá em casa era o exemplar que ofereci à minha mulher!
Pode ser que o livro se tenha perdido na mudança de Moçambique para a Dinamarca, no verão de 2011. Mas também pode ter acontecido eu tê-lo oferecido a alguém, sem querer. Sei que o livro tinha uma dedicatória, que não me lembro qual era nem em que página estava. E se exemplar da Karen tinha ido parar ao lado dos outros, na estante da sala, e eu, sem reparar na dedicatória e que era, portanto, o livro da Karen, o mandei a uma amiga ou a um amigo (enviei uns quantos, o ano passado), com uma nova dedicatória noutra página? Um terror indizível, como na tal cantiga: arrepios, calafrios, suores frios…
2 comentários:
Um conto de terror, sim. Mas não desistas. Já procuraste debaixo do colchão, e em todos os sítios onde se guardam os tesouros?
(Fui verificar: nope.)
Obrigado, Helena. Não desisto, mas não sei como insistir. Recebi uma remessa de exemplares que tinha guardados em casa de uma amiga em Lisboa e a Karen vai receber um livro novo com nova dedicatória, acho eu.
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