Muitas pessoas acreditam (algumas talvez para justificar racionalmente uma recusa que não é, na origem, racional) que a ortografia influencia a pronúncia. Não conheço nenhum observável que apoie esta crença, mas conheço muitos dados empíricos que a infirmam. Não são precisos muitos dados, porém, para ver que a ideia é contraditória quando aplicada à discussão da pertinência das letras P e C como marcas de abertura das vogais e surpreende-me que ninguém o note: por exemplo, se a grafia influencia a pronúncia e o desaparecimento do c de espectáculo pode, portanto, fazer com que o e comece a pronunciar-se «mudo», porque é que a grafia não influencia a pronúncia quando a presença do mesmo c não leva a que se pronuncie espektáculo? Enfim… Evidentemente, se a escrita influenciasse a pronúncia, simplesmente não haveria «consoantes mudas»...
[Ligeiramente modificado a 14.7.2023]
Coreto de Évora
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Évora, Novembro de 2024
O Coreto de Évora está localizado no Jardim Público da cidade.
"Évora foi uma das primeiras cidades portuguesas a ter bandas fila...
Há 6 horas
2 comentários:
A mim tem-me influenciado no sentido contrário, quando vejo "espetáculo" o meu cérebro começa a pronunciar silenciosamente espektáculo, para tornar mais viva a presença do "c" perdido...
Ora aí está, caro jj.amarante, um caso de influência da grafia na pronúncia ainda por estudar. No meu caso, o facto de escrever com as duas grafias tornou-me consciente de que digo característica com o segundo c pronunciado e conceptual com p, coisa em que não tinha reparado antes.
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