Quando eu era miúdo, vi várias vezes (?) na televisão uma peça de teatro chamada As árvores morrem de pé, com Palmira Bastos no papel principal. Também vos recordais? As coisas que nos vêm à cabeça…. Fui agora ver ao Google e fiquei a saber que a peça é de um dramaturgo espanhol chamado Alejandro Casona e que Palmira Bastos tinha 90 anos quando a gravou para a RTP, um ano antes da sua morte. Não sei nada de Palmira Bastos nem me lembro nada da peça, a não ser que tinha um final trágico que impressionou muito os oito aninhos que eu tinha, em que a atriz declamava (também vi isto agora no Google): «Morta por dentro, mas de pé, de pé, como as árvores!».
Agora, isto de as árvores morrerem de pé, enfim, é conforme… Há de facto árvores que morrem de pé, como o castanheiro da primeira foto. Este morreu à míngua de luz, rai’s parta’ os abetos que o rodeavam, que o atabafaram, antes de terem desbastado, tarde demais, o espaço à sua volta.
E há outras que caem mortas, como a faia da segunda foto. Diz que ar e vento é meio sustento, mas ela, com o ar em tanto movimento, não se sustentou. (Também deve haver árvores que não têm onde cair mortas, mas isso é outra história…)
Já agora, continuando a avaliar como se enraízam no real as metáforas vegetais, pode constatar-se que morrer ou não de pé é independente de se ter ou não raízes no local onde se morre: o castanheiro da foto, que mantém intactas as suas raízes, é árvore imigrante, ao passo que a desenraizada faia é árvore com raízes locais.
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