Conheço um Halfdan que é mesmo meio dinamarquês, filho de pai dinamarquês e mãe estado-unidense. O irmão dele, que é tão meio dinamarquês como ele, chama-se Eik. Eik é também um nome escandinavo, que significa originalmente «carvalho».**
Eik tem uma árvore sua. Quer dizer, não sei se tem mais árvores, mas tem uma que é especialmente sua. Não um carvalho, como se poderia esperar, mas sim um castanheiro-da-índia vermelho. A árvore foi plantada para Eik quando ele nasceu – sobre a placenta que o envolvera. Não sei se isto é ou foi tradição nalgum lugar ou nalgum tempo, mas quem sabe se, entre os descendentes de Eik, não se virá a tornar tradição.***
O castanheiro-da-índia vermelho (Aesculus × carnea) é um híbrido do castanheiro-da-índia europeu (Aesculus hippocastanum) e de um arbusto americano, Aesculus pavia, de que não sei o nome português. A árvore de Eik é, portanto, euro-americana, como ele – mas isto os pais de Eik não sabiam quando a plantaram.
“Red horse chestnut in flower in Oaklands Park” (“Castanheiro-da-índia vermelho em Oaklands Park”, Patrick Roper, 2002. Creative Commons Licence, daqui. |
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* Ou, com mais rigor, «meio dano», já que não há correspondência direta entre a tribo germânica dos danos e os dinamarqueses atuais.
** Uma palavra sem parentes fora das línguas germânicas: eik em norueguês, ek em sueco, eg em dinamarquês, eik em neerlandês, Eiche em alemão e oak em inglês.
*** Diz Wil Huygen na sua maravilhosa obra Os Gnomos (título original: Leven en werken van de Kabouter, com extraordinárias ilustrações de Rien Poortvliet, 1976 [traduzo eu da edição dinamarquesa]):
Para saberem a idade, [os gnomos] usam carvalhos. São carvalhos que os pais plantam quando eles nascem. Também se podem plantar tílias em vez de carvalhos. Quando a árvore já está suficientemente grande, faz-se nela uma inscrição. A mesma inscrição é também feita numa pedra lisa que cada gnomo recebe de presente quando faz 25 anos e que guarda toda a vida.