04/08/24

Soupe au pistou à minha moda

 

A minha soupe au pistou é sempre um grande êxito e, da última vez que a fiz para um grupo grande, muita gente me pediu a receita. Como não a tinha escrita em lado nenhum, tive de a escrever agora. E já que a escrevi, ponho-a aqui. Experimentem, que hão de gostar – talvez... E bom proveito!

Bom, antes de começar a receita propriamente dita, deixem-me só fazer uma pequena introdução: a soupe au pistou é, como já adivinharam pelo nome, um prato francês. Mais concretamente, é um prato provençal — um prato mediterrânico, como verão pelos ingredientes. Pistou é a palavra occitana que corresponde à palavra lígure (genovesa) pesto, que eu creio que é mais conhecida internacionalmente que a parente occitana. Há inúmeras receitas de soupe au pistou, muitas das quais se encontram com facilidade na Internet, mas a minha difere de quase todas por não levar massa, nem carne de porco, nem tomate na sopa. Ah, e notem que não é sopa para entrada, é sopa-refeição. Claro, isto depende das quantidades que se comam, mas é pelo menos assim que a usamos cá em casa.

Os ingredientes da minha receita são (para umas 6 pessoas, creio eu, mas não sei bem, vocês vejam e ajustem à segunda vez, se houver uma segunda vez...):

  • feijão branco, feijão encarnado, feijão verde, curgete em quantidades sensivelmente iguais: cerca de 250 g de cada (o feijão branco e encarnado, já sabem que têm de pôr de molho na véspera, não é verdade?);
  • uma cenoura grande ou duas pequenas;
  • uma batata média;
  • um manjericão (ou alfavaca ou basílico, chamem-lhe o que quiserem, que criança amada tem muitos nomes, como dizem os dinamarqueses);
  • quatro dentes de alho não muito pequenos;
  • três ou quatro tomates médios bem maduros;
  • sal grosso;
  • azeite; e
  • queijo ralado — escolham o queijo que mais vos agradar, mas deve ser um queijo duro e não muito curado, para não roubar o sabor do resto dos ingredientes.

Cortam-se a curgete em cubos pequenos (um ou dois centímetros de aresta) e o feijão verde em bocados de uns três ou quatro centímetros, e põem-se a cozer junto com os dois tipos de feijão, em cerca de 1,2 litros de água fria. Quando se coze feijão, começa-se com água fria, para a pele não se separar e para cozer mais uniformemente. Há quem coza o feijão encarnado à parte, também por uma questão estética, para a sopa ficar com uma cor mais bonita, mas eu não me importo, cozo tudo ao mesmo tempo. Junta-se também a cenoura cortada em meia rodelas finas e a batata também cortadas em cubos pequenos. A batata há de desfazer-se durante a cozedura, não se vê na sopa. 

Deixa-se cozer tudo cerca de uns 80 ou 90 minutos, que é como quem diz, até o feijão estar cozido. Conforme a qualidade do feijão, pode demorar mais ou menos tempo a cozer, mas certifiquem-se de que está todo o feijão bem cozido, porque não se deve comer feijão mal cozido. Não sabe bem, nem faz bem. Se demorar mais tempo, talvez seja preciso acrescentar água, mas isso controlam você. A sopa deve ficar cremosa, mas não espessa demais.

Há que pôr sal e pimenta a gosto, claro, mas deve-se salgar pouco, porque o pistou e o queijo que depois vamos pôr na sopa são salgados.

À parte, fazemos o pistou. Misturamos num robô de cozinha (ou num almofariz, se tiverem paciência para isso...) as folhas de alfavaca com os dentes de alho, os tomates previamente pelados, umas quatro ou cinco colheres de sopa de azeite e uma boa colher de chá de sal grosso. Provem o pistou e vejam se precisam de retificar o sal. Sozinho, o pistou tem um sabor muito forte, mas não é para comer assim, por isso não se preocupem.

E pronto, há que ter na mesa, na altura de servir, azeite e queijo ralado. Depois de servida a sopa, cada pessoa deita no seu prato umas duas ou três colheres de pistou, uma mancheia de queijo ralado e um bom fio de azeite. E depois é comer. E repetir, talvez...