[Dizem-me várias definições de blogue que, no início, os weblogs, eram sobretudo diários online. Este blogue, que já nasceu tarde, raramente o tem sido. Mas hoje é. Mais ou menos…]
E eis-nos no fim da primeira quinzena de Outubro. O frio ainda não chegou, mas de manhã, às vezes, já calço luvas quando vou de bicicleta para o trabalho. Já está escuro de manhã quando saio de casa às seis e meia, mas ainda é de dia quando a Karen chega a casa às cinco. Para ser mais concreto, o sol nasceu hoje às 7:48 e vai pôr-se às 18.17 e temos hoje 14 graus de máxima e 11 de mínima.
As folhas começam a cair e caem das árvores as últimas maçãs. A horta já pouco ou nada mais dará este ano. Ainda não há perigo de temperaturas negativas, mas vamos apanhando batatas, cenouras, cebolas, alhos e beterrabas, para os guardar na oficina ou na despensa, que são as partes da casa que não aquecemos. Os tupinambos e as beterrabas ainda podem esperar mais um bocadinho. As acelgas, deixamo-las ficar e vamos só tirando as folhas de que vamos precisando, que nunca se cansam de fazer folhas novas, às vezes pelo inverno dentro.Foto: A horta, ou o que resta dela nesta altura. A cerca de arame, que talvez estranhem, é por causa de corços e gamos, que comem tudo.
Fotos: O ano passado, fiz uma poda bastante radical de algumas macieiras, a ver se lhes reduzia a produção, mas continuam a produzir muito. Foi difícil meter 280 quilos de maçãs no carro (houve anos em que tivemos de usar um atrelado), mas conseguimos. À volta, já havia muito espaço livre.
Foto: Maçã caramelizada no forno a baixa temperatura com açúcar mascavado e canela. Com um bocadinho crème fraîche por cima, dão uma deliciosa sobremesa.
Na horta, temos feito todos os anos acelgas, batatas, curgetes, fava, feijão-catarino e morangos (muito poucos), mas o resto vai variando de ano para ano. Nos últimos anos, temos também tido sempre beterrabas, espargos, framboesas e uvas. Este ano, tivemos também alho, beterraba, cebola, cenoura, chicória italiana (radicchio) e feijão-branco. Fora da horta, tivemos tomate, pepino e piripiri, na estufa; e há também groselhas pretas, vermelhas e verdes, e amoras, espalhadas pelo quintal. E tivemos pela primeira vez muitos figos e muitas rainhas-cláudias, muito bons tanto aqueles como estas.Foto: Uma sopa feita só com produtos na nossa horta, tirando, claro, o sal e o azeite: cozi primeiro o feijão-branco fresco, porque não sabia quanto tempo ia demorar a cozer e não o queria muito espapaçado. Noutro tacho refoguei cebola, alho, cenoura, um jalapeño não muito forte e os talos das acelgas, tudo em cubos pequenos, e juntei-lhe depois um bocadinho de tomate. Cozi as acelgas à parte, em água muito salgada, só durante dois minutos e passei depois por água fria. Juntei ao refogado o feijão e a água onde o tinha cozido, e batatas cortadas em cubos grandes. Deixei cozer um bocadinho e juntei curgete cortada em juliana grande. Deixei cozer mais um bocadinho e juntei as acelgas.
Foto: Uma bonita (e saborosa salada) salada que a Karen fez, com flores comestíveis que eu não sei como se chamam. A couve-roxa não é do quintal, mas a beterraba e as flores são. Temos muita beterraba, mais do que conseguimos comer, e eu tento arranjar maneiras de a preparar (borche, assada no forno com molho de tahini e limão, seca no forno em tiras muito fininhas, sei lá que mais...), mas também não se pode comer beterraba todos os dias, não é verdade?
Foto: Feijão-catarino e feijão-branco e secar. As nozes por baixo do feijão-branco também estão a secar, mas não são do nosso quintal. Comprei-as frescas aqui na aldeia.
Eis-nos então no fim da primeira quinzena de outubro. Até agora, tem sido um outono suave. A próxima tarefa no quintal é podar as macieiras.






