Há muito tempo que o meu bolo preferido é o wienerdrøm med pecan. Este bolo que aqui veem. Mais exatamente, é o meu bolo favorito desde que o conheci, há cerca de 12 anos, quando vim morar para a Dinamarca pela primeira vez. Como talvez consigam ver na imagem, se não o conhecem, é um pastel de massa folhada fina (donde ser um wienerdrøm, um sonho de massa folhada fina, literalmente um sonho vienense, já que se chama, em dinamarquês, pão vienense à massa folhada fina), com nozes-pecã. O recheio, que não se vê na fotografia, é de xarope de ácer, essa especialidade canadiana.
Sempre pensei, como há de decerto pensar mais gente e também pensa a Wikipédia, por exemplo, que fosse um bolo dinamarquês. E talvez seja, não sei. Não sei se hei de mudar de ideias depois desta história que vos passo a contar. O certo é que, se for dinamarquês, não é, pelo menos, um bolo que se encontre com facilidade na Dinamarca. De facto, só o encontro nas padarias de uma cadeia de supermercados específica. Bom, e em Évora. E na Tapada das Mercês.
Quando vi wienerdrømme (é o plural) med pecan no café do terminal rodoviário em Évora, tive de comer um para saber se era mesmo o bolo que eu conhecia. Chamavam-se agora bolos de mel com nozes. Nunca tinha visto tal bolo em Portugal… E era exatamente a mesma coisa: tamanho, textura, sabor, tudo. As nozes eram pecã e o mel não era mel, era xarope de ácer. Tive de perguntar à senhora do café de onde lhe vinham aqueles bolos. Ou era ela que os fazia? A senhora ficou obviamente embaraçada. Que não sabia bem. Não, não era ela que os fazia, mas não sabia bem quem os fazia… Expliquei-lhe por que lhe perguntava. E ela confessou, por fim, que os recebia congelados já prontos, só tinha que os cozer no forno. Donde vinham, era mesmo verdade que não sabia.
Voltei a encontrar os mesmos bolos num supermercado na Tapada das Mercês. Exatamente iguais. Tenho a certeza que os compram congelados, como a senhora de Évora. Deve haver quem os exporte congelados, se calhar para toda a Europa, não sei… Será uma firma dinamarquesa? Ou será que os supermercados dinamarqueses os importam de outro país qualquer? Que na padaria do meu supermercado local os recebem congelados e só têm de os cozer no forno, disso não tenho dúvidas nenhumas. Mas continuam a saber-me bem. Wienerdrøm med pecan continua a ser o meu bolo favorito. Ou bolo de nozes com mel, se preferirem.
P. S. Já depois de escrever o texto, acho que descobri quem os faz. Mas decidi não vos dizer quem é, entretenham-se com um bocadinho de trabalho de detetive, vá.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
eu sei quem os faz! :)
É o nosso ex-ministro da Economia. Como não lhe aceitaram a ideia dos pastéis de nata, ele resolveu tentar noutro país...
Exatamente, mantendo a massa folhada e substituindo a massa de pasteleiro melhorada por uma coisa mais norte-americana - pecã e xarope de ácer -, porque, diz ele, norte-americano é meio caminho andado para o mercado internacional; e dá como exemplo a Reuben sandwich. Pronto, acabas de ganhar o prémio de detetivismo 2013 da Travessa do Fala-Só (o de 2012 foi para o Maxwell Smart, não sei se estás lembrada...). Para o receberes, é simples: apenas tens de enviar-me um e-mail com os dados da tua conta bancária e a password do teu netbank.
Acho que descobri... http://www.lantmannen-unibake.com/Schulstad-Bakery-Solutions/Products/Pastry/Plait-Pecan-Lattice/maple-pecan-plait/
Exatamente, Mário Paes, é uma coisa dos dinamarqueses da Schulstad, que agora fazem parte da Lantmännnen, que é originalmente sueca.
Estava procurando esse bolo de pastelaria porque nem sou muito de "bolos" sou mais salgadinhos mas esse bolo é mesmo o meu favorito. Eram poucas as pastelarias em Lisboa onde encontrei e sempre que o via comia.
Enviar um comentário