Há quem defenda que a existência de um deus criador se pode concluir da improbabilidade das condições que permitem a existência de vida. As probabilidades de o universo ser como realmente é são ínfimas e, por isso, para haver vida e nós existirmos, alguma vontade inteligente deve ter afinado o universo para ele ser desta maneira – com a finalidade de nele haver vida e nós nele existirmos.
É um argumento muito estranho. Parecerá evidente a muita gente que o facto de uma determinada ocorrência ser improvável não é motivo suficiente para pensar que ela é produto de uma vontade. Mas nem é preciso ir tão longe, porque, bem vistas as coisas, este argumento não chega a ser argumento nenhum: admitindo a possibilidade de um deus criador, as probabilidades de ele ter vontade de criar um universo como o nosso também são ínfimas, como as de esse universo existir como é sem ter sido criado por nenhuma vontade divina... Então, como se sai daqui? Postulando que essa vontade do deus criador, de tão improvável, só pode ter sido produto de outra vontade que o tivesse afinado para criar um mundo em que pudéssemos ser como somos – e assim sucessivamente?
[Para uma discussão mais desenvolvida da questão, ver, por exemplo, um texto recente de Ludwig Krippahl e os textos para que remete]
#vísceras
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Isto de portugueses e brasileiros pensarem que falam a mesma língua às
vezes provoca situações muito estranhas. Como por exemplo no tempo em que
os meus fi...
Há 18 horas
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