Suzy Polidor por Man Ray, 1929 |
«Compreende-se bem porquê, tem uma beleza fascinante».
Muitos não concordarão. É sempre assim, nas questões de beleza e, sobretudo, quando se avalia uma beleza pouco canónica, como a de Suzy Solidor. Mas houve mais quem tivesse a opinião da minha mulher, pelos vistos – segundo Marie-Hélène Carbonel, sua biógrafa, existem 220 retratos de Suzy Solidor, muitos deles de artistas famosos. Retrataram-na Francis Bacon, Georges Braque, Yves Brayer, Jean-Dominique Van Caulaert, Jean Cocteau, Jean-Gabriel Domergue, Kees van Dongen, Raoul Dufy, Léonard Foujita, Arthur Greuell, Marie Laurencin, Tamara de Lempicka, Francis Picabia, Pablo Picasso, Man Ray e Maurice de Vlaminck, entre dezenas de outros.
De cima para baixo: Suzy Polidor por Francis Bacon, 1957, Jean Cocteau, 1937 e Francis Picabia, 2x, ambas 1933 |
Diz a Wikipédia em inglês que a única paga que Suzy Solidor pedia para posar era que lhe dessem depois um retrato, para ela pôr na parede do seu cabaré. Não encontro referência a esta exigência em nenhuma das várias minibiografias que li dela, mas é certo que foi colecionando retratos de si própria, quarenta dos quais doou, em 1973, à vila de Cagnes-sur-Mer e podem ser hoje apreciados no museu local (Château-Musée Grimaldi).
Da muito interessante vida de Suzy Solidor não vos falo aqui, não tenho nada a acrescentar às várias biografias que se encontram com facilidade na Internet (por exemplo aqui e aqui, e também aqui, acrescida de uma discografia); mas deixo-vos uma maravilhosa canção de 1933, “Obsession”, de Jean Rualten e Léo Laurent, como letra de Edmond Haraucourt.
Chaque femme je la veux
Des talons jusqu'aux cheveux
J'emprisonne dans mes vœux
Les inconnues
Sous leurs jupons empesés
Mes rêves inapaisés
Glissent de sournois baisers
Vers leur peau nue
Je déshabille leurs seins
Mes caresses par essaims
S'ébattent sur les coussins
De leurs poitrines
Je me vautre sur leurs flancs
Ivre du parfum troublant
Qui monte des ventres blancs
Vers mes narines
Douce, je promène ma main
Aux rondeurs du marbre humain
Et j'y cherche le chemin
Où vont mes lèvres
Ma langue en fouille les plis
Et sur les torses polis
Buvant les divins oublis
J'endors mes fièvres
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