A notícia é de outubro do ano passado, mas isto também não é um blogue de atualidades, de maneira que aqui vai (traduzo artigos de três jornais e deixo-vos os links, por uma questão de princípio, mas são artigos em dinamarquês...):
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Duas fotos de cima: Placas restauradas por Nils Bennicke
Terceira foto: Uma placa antiga a precisar de restauro (daqui)
Foto de baixo: Uma placa nova, de chapa perfurada. |
Nils Bennicke, de 69 anos, começou, por iniciativa própria, a restaurar placas com os nomes das ruas no município de Svendborg.
– É um trabalho que o município pensa que deve custar 27 milhões de coroas (cerca de 3,6 milhões de euros), mas eu quero mostrar que se pode fazer mais barato – diz o carpinteiro aposentado. Anda pela cidade com uma escada e uma caixa de tintas e pinta as placas de rua gastas e ilegíveis. (Daqui)
A ideia da câmara municipal é substituir todas as antigas placas toponímicas por placas mais simples, em vez de as restaurar – placas essas que, por sua vez, serão também substituídas quando estiverem velhas.
– Geralmente, demoro uma hora a restaurar uma placa – diz Nils Bennicke, e acrescenta:
– Não podemos continuar a ter uma dívida de mil milhões de coroas e, ao mesmo tempo, gastar 27 milhões para substituir as placas toponímicas da cidade. Acho que é preferível manter as antigas placas em relevo em vez de as substituir. E isso pode ser feito com um investimento que cubra uma carrinha, uma escada, tinta e dois aprendizes de pintor que precisem de apanhar um bocado de ar fresco. (…) Porque não conservar o que temos? Devemos cuidar das nossas coisas e fazer manutenção, em vez de deitar tudo fora. O mesmo se pode dizer das mesas e bancos públicos. Só precisam de uma lavagem e e de uma pintura, e podem durar muito mais. (…) Algumas das antigas placas em relevo são dos anos cinquenta. Um senhor disse-me que foram feitas com alumínio de antigos aviões de guerra. (Daqui)
Até aqui, parece tudo muito bem, mas a câmara municipal não aceitou a iniciativa de Nils Bennicke:
O município de Svendborg diz que é tarefa sua renovar o património municipal e que nem o carpinteiro reformado nem nenhum outro cidadão deve fazer esse trabalho.
Além disso, acrescenta o município, Nils Bennicke também não cumpriu as regras sanitárias e de segurança no trabalho que fez. (Daqui)
Pois foi, não fechou os passeios ao público (a verdade é que são ruas onde não passa quase ninguém) e, se calhar, o município tem medo de que, se o pintor sujasse de tinta algum transeunte, este acabasse por processar as entidades pública…
– A certa altura, um responsável da informação do município telefonou-me e convidou-me para uma reunião, para ver como se podia divulgar a iniciativa. Encontrámo-nos na câmara municipal, mas depois veio um engenheiro municipal dizer-nos que não podia ser. (…) Pediu-me para deixar de pintar as placas, que isso é trabalho dele. De maneira que a reunião ficou por ali; eu só disse «obrigado pela reunião e pelo café – mas agora tenho de me ir embora, tenho de ir pintar mais umas placas». (Daqui)
Parece que não há grandes novidades desde essa altura. Nils Bennicke lá continua a restaurar as placas – ilegalmente, ao que parece, mas ninguém de preocupa com isso...
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