«No meu tempo, estas questões resolviam-se com uma grande particular simplicidade», reflectiu ele. «Se um jovem era apanhado a fumar, levava uma sova. De facto, isto fazia que um rapaz de espírito pobre e cobarde desistisse de fumar, mas um rapaz esperto e valente passasse a trazer o tabaco escondido na bota depois da tareia e fosse fumar numa dependência.Parece uma coisa escrita anteontem, não parece?, e a maior parte de nós considerará que se aplica bem à realidade que conheceu e conhece. Mas não é. Esta é a reflexão de Eugene Bikovski, umas das três personagens do conto “Em casa”, de Anton Tchekhov, quando descobre que o seu filho Serioja foi apanhado a fumar. Não consigo saber com certeza quando foi escrito o conto, mas ou é de 1887 ou de 1897. Duvido que houvesse, nessa altura, muita a gente a educar os filhos como o propunha o senhor Bikovski…
Quando fosse apanhado no anexo e fosse de novo açoitado ia fumar para o rio, e assim sucessivamente até se tornar adulto. A minha mãe dava-me dinheiro e doces para eu não fumar.
Estes expedientes parecem-nos agora fracos e imorais. Assumindo uma posição lógica, o educador actual tenta instilar numa criança os primeiros princípios de justiça ajudando-a a compreendê-los e não provocando o medo ou o desejo de se distinguir e obter uma recompensa.»
Berlinale 2025 - dia 1
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1. Kaj ti je deklica (Little trouble girls), de Urška Djukić Não consegui
evitar os paralelos com o Gloria, de Margherita Vicario, que vi também na
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Há 6 dias
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