RAY DAVIES, "SUNNY AFTERNOON"
Já a canção “Taxman” de George Harrison não se pode entender da mesma maneira:
GEORGE HARRISON, "TAXMAN"
Let me tell you how it will be; / There's one for you, nineteen for me. / 'Cause I’m the taxman, / Yeah, I’m the taxman. / Should five per cent appear too small, / Be thankful I don't take it all. / 'Cause I’m the taxman, / Yeah, I’m the taxman. / (If you drive a car, car;) - I’ll tax the street; / (if you try to sit, sit;) - I’ll tax your seat; / (if you get too cold, cold;) - I’ll tax the heat; / (if you take a walk, walk;) - I'll tax your feet. / 'Cause I’m the taxman, / Don't ask me what I want it for, (ah-ah, mister Wilson) / If you don't want to pay some more. (Ah-ah, mister Heath)
As referências e a mensagem são claras: somos todos muito contestatários, mas quando é o nosso dinheirinho que está em causa, alinhamo-nos à direita – o governo trabalhista de Harold Wilson tinha introduzido impostos progressivos e os Beatles ganhavam tanto dinheiro que ficaram na categoria mais alta dos impostos…
Muitos anos mais tarde, o malogrado músico de reggae sul-africano Lucky Dube dizia no seu “Taxman” que sabia para que pagava ao jardineiro, ao médico, ao advogado e ao guarda-costas, mas não sabia para que pagava o homem dos impostos.
LUCKY DUBE, "TAXMAN"
A canção, se chega a ser ambígua no início, é desambiguada pelas frases faladas no meio (“Todos os anos, desaparecem duzentos biliões de dólares dos contribuintes de que ninguém dá contas”): O que Lucky Dube critica é que alguém meta ao bolso o dinheiro que ele pagou ao Estado.
LUCKY DUBE, "TAXMAN"
A canção, se chega a ser ambígua no início, é desambiguada pelas frases faladas no meio (“Todos os anos, desaparecem duzentos biliões de dólares dos contribuintes de que ninguém dá contas”): O que Lucky Dube critica é que alguém meta ao bolso o dinheiro que ele pagou ao Estado.
Desde o tempo do Robin Hood que nos atormenta a imagem sempre actualizada, na indumentária que não no sorriso perverso, do cobrador dos impostos. Agora, aquilo de que as pessoas recusam de facto nem sempre é a carga fiscal propriamente dita. Isso só é realmente problema para pessoas como George Harrison, que acham que os muito ricos não devem contribuir com muito dinheiro para a sociedade em que vivem. Numa grande parte dos casos, porém, as pessoas não querem que lhes venha bater à porta este espectral Xerife de Nottingham por uma de duas razões: ou sabem que o dinheiro que pagam e que devia ser usado ao serviço de todos vai ser usado apenas ao serviço de alguns; ou não compreendem para que serve o dinheiro que pagam (mesmo que ele seja utilizado ao serviços de todos). E nem num nem no outro caso o problema são os impostos – no primeiro caso, o problema é um mau governo, um problema que só se pode resolver mudando de governo; no segundo caso, o problema é ignorância dos cidadãos do funcionamento do aparelho de Estado, das suas instituições e dos seus órgãos, e do seu orçamento, e resolve-se com educação para a cidadania. Também se podia fazer uma canção a dizer isto…
2 comentários:
O problema serão então os postos, não os impostos...
vou pelo ray davies... in the summertiiiiimeee...
Ou melhor: quem por vezes os ocupa...
Enviar um comentário