A quem pense que o primeiro estabelecimento comercial de qualquer povoação é sempre uma taberna, apresento-lhe a vila de Strandby, no Norte da Jutlândia:
Strandby é um dos maiores portos de pesca da Dinamarca. No porto, perto da lota e dos vários armazéns de firmas de exportação de peixe, há um restaurante chamado A Estrela do Mar, onde nos sentamos a tomar uma bebida.
“Um café com toldos da Carlsberg em Strandby! Quem imaginaria uma coisa assim quando eu era rapaz novo?”, comenta o meu cunhado.
A família da minha mulher viveu – e uma parte dela ainda vive – ali na zona. Foi ali que a minha mulher cresceu.
Quando eles eram jovens, explicam a minha mulher e o irmão dela, era completamente impossível comprar um gota de álcool que fosse em Strandby e arredores. O sítio mais próximo onde se podia tomar uma cerveja ou uma aguardente era um quiosque em Bratten. Chamavam-lhe drukruten, “a rota da bebedeira”. Em Strandby, não havia nem sequer uma pastelaria.
“Havia só a casa dos pescadores, onde se podia beber café. Álcool, em Strandby? ‘Tás maluco ou quê? Nem sonhar.”
Estou-vos a falar de há 30 anos, não de há 150, e Strandby não era nenhum lugarejo perdido. Já nessa altura havia a lota e as firmas de exportação de pescado, já a vila era um porto de pesca importante.
“Era a cultura da gente da pesca. Eram todos da Indre Mission, a “Missão Interior”. Também não se podia cortar relva, nem fazer fosse lá o que fosse ao domingo; ninguém podia usar joias nem nenhum tipo de adornos; e os miúdos não podiam ir a festas de aniversário dos colegas, porque todas as festas eram proibidas…”
Strandby, portanto, no Norte da Dinamarca, nos anos 80 do século XX.
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