Talvez por isso, esses preconceitos são muito fundos. Tenho a certeza de que, quando chegam à Dinamarca, muitos estrangeiros ficam surpreendidos por verem mulheres a trabalhar na construção civil. Podem, é claro, valorizar positiva ou negativamente esse facto, conforme a sua visão dos papéis femininos, mas ficam surpreendidos, porque trabalhadoras da construção civil* é coisa que não existe na grande maioria dos países**.
Aqui, há cada vez mais mulheres na construção civil, sobretudo na pintura. Segundo uma conhecida nossa, que é pintora da construção civil, a maior parte das firmas de pintura de construção civil são agora de mulheres, pelo menos aqui na zona.
Agora, na reunião de pais a que fui ontem na escola dos meus filhos, havia dezassete mulheres e quatro homens. E os quatro homens que havia estavam acompanhados pelas mulheres. Há, pelos vistos, áreas em que, na Dinamarca, os papéis de género se continuam a distribuir de maneira muito tradicional.
_______________
* José António Saraiva escreveu um texto muito e muito justamente criticado (por exemplo, aqui) em que parece defender que o facto de (segundo ele…) não existir uma palavra consolidada pelo tempo e pelo uso que defina a relação marital entre dois homens é um argumento contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. É bem capaz de haver quem seja contra as mulheres na construção civil por não haver palavra “consolidada” que designe uma mulher que faz paredes. «Pedreira? Ora…»
** Convém talvez explicar aqui que o trabalho de construção civil é, aqui, diferente do que se faz noutros países que eu conheço. A construção é um negócio exclusivamente dinamarquês, onde os dinamarqueses não deixam entrar os estrangeiros. É um trabalho muito bem pago, onde só há mestres, sem serventes para o trabalho pesado, porque se trabalha com máquinas e sempre com paredes pré-construídas. Para fazer um prédio, são necessári@s 2 ou 3 pedreir@s, 2 ou 3 eletricistas, 2 ou 3 canalizador@s, 2 ou 3 carpinteir@s, 2 ou 3 pintor@s…
Sem comentários:
Enviar um comentário