Já falei sobre isso com vários amigos portugueses que vivem em França ou que conhecem bem o país: parece que se aceita melhor em França que em Portugal que uma pessoa fale sozinha. Pelo menos, era impressão geral das pessoas com quem falei que é coisa que se vê mais em França e isso deve ser sinal de que é lá mais bem aceite o falar sozinho — ou pensar em voz alta, porque, bem vistas as coisas, é afinal disso que se trata.
Agora, isto são só impressões e se há coisa em que nunca nos devemos fiar são as nossas impressões, mesmo que se lhes chame «experiência», para lhe dar um ar mais fiável. Costumo dizer que o mundo está cheio de maus estudos e más estatísticas, mas mesmo os maus estudos e as más estatísticas são mais fiáveis que as nossas impressões.
Isto a propósito de quê? Ah, pois, de falar sozinho. O que eu queria mesmo era aqui deixar um link para um texto do Toponímia de Lisboa, blogue do Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa, onde se fala do nome e da história da travessa lisboeta que dá nome ao blogue: “Do Beco à Travessa do Fala-Só”.
P.S. 1: Uma cantiga a propóito (há sempre uma cantiga a propósito seja lá do que for):
Casey Bill Weldon: “Talkin' to Myself”,1936
P.S. 2: Também cantar na rua ou noutros espaços públicos é visto como sinal de pouco juízo (se não se tiver à frente um chapéu para recolher doações, « à votre bon cœur, messieurs dames ! »). Eu faço-o de vez em quando, para grande vergonha de quem me acompanha, sobretudo se forem as minhas filhas.
Pormenores da Cidadela
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