"Estavam ambos nus, o homem e sua mulher, sem terem vergonha um do outro.
Ora a serpente era o animal mais astuto dos campos que Deus Senhor fizera. Disse à mulher:– Deveras? Deus disse «Não comereis de todas as árvores do jardim»?Respondeu a mulher à serpente:– Do fruto das árvores do jardim podemos comer; mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: «Não comereis dele, nem nele tocareis, para não morrerdes».A serpente disse à mulher:– Não, não morrereis; mas Deus sabe que no dia em que comerdes do fruto, abrir-se-vos-ão os olhos, e sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal.Viu, pois, a mulher que a árvore era boa para comer, que era uma delícia para os olhos, e que era árvore desejável para adquirir sabedoria; tirou dela um fruto e comeu dele; deu também o fruto a comer a seu marido, e ele comeu. E abriram-se os olhos de ambos e deram-se conta de que estavam nus; coseram folhas de figueira, e delas fizeram tangas. Ouviram os passos de Deus Senhor que passeava pelo jardim na brisa do dia; e o homem e a mulher esconderam-se de Deus Senhor entre as árvores do jardim.E Deus Senhor chamou o homem e perguntou-lhe:– Onde estás?E o homem respondeu:– Ouvi a tua voz no jardim, e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.Perguntou-lhe Deus:– Quem te revelou que estavas nu? Comeste da árvore de que te mandei não comer?"
[Livro da Génese, cap. 2 e 3]
Tommaso Masolino da Panicale: A tentação de Adão e Eva, 1426-1427. Fresco, Capela Brancacci, Florença.
Por volta de 1670, os frescos foram pintados por cima, para tapar a nudez, tendo sido restaurados no fim do século XX.
Masaccio (Tommaso di Ser Giovanni di Simone): A expulsão de Adão e Eva do Éden, 1426-1428. Fresco, Capela Brancacci, Florença
As folhas de figo foram acrescentadas em 1680 e foram de novo retiradas numa restauração feita em 1980.
Hubert van Eyck, Retábulo de Gante ou Adoração do Cordeiro Místico, concluído em 1432. Pintura sobre painel, Catedral de São Bavão, Gante
No século XIX, as representações originais de Adão e Eva nus foram consideradas inaceitáveis numa igreja e os painéis foram substituídos por reproduções vestidas (à esquerda).
3 comentários:
Dos 3 exemplos parece que se foram pintados nus levaram com umas folhas para tapar os sexos, se o pintor já tinha posto as folhas levavam com uns têxteis extras.
Só uma nota à margem: no terceiro grupo, o Van Eyck, é muito óbvio que o corpo da mulher corresponde à silhueta dos vestidos da época. Como se o pintor não estivesse a descrever, mas a criar uma figura ideal.
Ainda bem que por aqui passaste, Helena, fazia aqui falta este teu comentário. Quando publiquei isto no Facebook, escreveste isso; e depois, quando transferi isto do Facebook para o blogue, pensei em escrever-te a dizer para pores aqui o mesmo comentário, que é interessante e enriquece o post. Mas depois esqueci-me...
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