Conheci Villy Henningson [nome fictício] quando estava a fazer estágio numa instituição para pessoas com demência. Quer dizer, já o conhecia de vista aqui da aldeia, mas foi aí que falei com ele pela primeira vez. Ele toca acordeão numa banda de música e foram lá fazer uma animação no centro de dia.
A partir desse dia, Villy, que encontro com frequência na rua, sempre me tratou pelo meu nome:
– Olá, Victor – diz-me sempre – como vai isso?
Não temos grandes conversas: o tempo, algum acontecimento na aldeia, nunca mais que isso. Mas sempre me surpreendeu ele saber o meu nome. Talvez me tivesse perguntado, quando nos conhecemos; ou talvez o tenha lido no meu cartão de identificação que trazia ao peito nessa altura, não sei. Seja como for, não se esqueceu. E sempre me irritou um bocadinho ter de conversar com ele sem nunca o poder tratar pelo nome a ele também: até há muito pouco tempo, não fazia ideia de como ele se chamava e, nem sei bem porquê, nunca lhe quis perguntar.
Um dia, vi num jornal local a fotografia dele, com duas senhoras também aqui da aldeia, num artigo sobre uma cooperativa de consumo, de que eram os três membros da direção. A legenda da foto referia-o como V. Henningson. Não me resolvia o meu problema, mas era uma boa dica para. Pesquisei em Google um Henningson aqui na zona (é um apelido estrangeiro, e, portanto, incomum) e fui dar ao site da tal cooperativa, onde fiquei a saber que ele se chamava Villy. Pronto, agora já o podia tratar pelo nome.
Encontrei-o no dia seguinte:
– Olá, Victor, tudo bem?
– Tudo bem, Villy, e tu?
Fiquei muito satisfeito. A Internet, pensei eu, ainda serve para alguma coisa… Mas não tinha sido necessária nenhuma pesquisa, afinal: nesse dia, Villy trazia vestido um polo às riscas que tinha escrito no bolso «Villy Henningson».
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