Touching the void é o nome de duas grandes obras.
A primeira é um livro do montanhista Joe Simpson em que ele conta a escalada do monte Siula Grande, no Peru, com o seu colega Simon Yates. Joe Simpson é um narrador altamente competente e a sua escrita consegue seduzir mesmo quem, como eu, não se interesse especialmente por montanhismo – e também seguramente quem, ao contrário de mim, não se interesse por problemas morais (ia a escrever “e ainda a quem não se interesse pela questão dos limites do ser humano e da problemática da morte iminente”, mas não acredito que haja gente assim…). Haveria muito que dizer sobre o livro, mas não é aqui lugar para isso nem essa a intenção deste post, pelo que me limito a recomendá-lo. [Sei que existe uma tradução em português do Brasil chamada Tocando o vazio, não sei se existe alguma em português europeu.]
A segunda obra com o mesmo nome é o filme que Kevin MacDonald realizou em 2003, a partir do livro e com a colaboração de Joe Simpson e de Simon Yates. Trata-se de um documentário fabuloso, em que se misturam entrevistas aos protagonistas com uma reconstituição dos acontecimentos que é impressionante de beleza das imagens, realismo e drama. Uma obra também muito recomendável.
E chego ao que eu queria aqui contar: Joe Simpson está sozinho no meio da neve, tem uma perna estilhaçada, sofre dores horríveis, está enregelado, completamente desidratado, não consegue mover-se. Não tem dúvida de que chegou o fim. Só lhe resta esperar a morte.
“Não me lembro de ter pensado em ninguém… Em nenhuma das pessoas que me são queridas... Lembro-me de me ter vindo uma canção à cabeça… Dos Boney M… E eu não gosto de Boney M… Aquilo continuou… Durante horas e horas… Era horrível… Porque eu queria tirar a canção da cabeça e pensar noutras coisas… E comecei a pensar: Porra, pá, vou morrer ao som dos Boney M!...”
(Se tiverem a sorte de não conhecer a canção em questão, “Brown girl in a ring”, mas, roidinhos de curiosidade, quiserem ir ver qual é, pois bem, façam-no… por vossa conta e risco… Quanto ao título do post, leiam-no como quiserem...)
recado para os Dominique Pelicot que andam por aí à solta
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Na semana em que Dominique Pelicot foi condenado a 20 anos de prisão por
ter repetidamente drogado a sua mulher para a violar e a pôr à disposição
de outro...
Há 2 dias
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