Na realidade, nascem no mundo mais homens que mulheres e, embora as mulheres vivam mais tempo que os homens, há mais homens que mulheres no mundo. (Para mais detalhes sobre a questão do rácio de género à nascença e as questões com ele relacionadas, veja-se, por exemplo, este artigo de Hannah Ritchie e Max Roser, no Our World in Data, da Universidade de Oxford). Mas a diferença é mínima: se dissermos que há, em quase todo o lado, praticamente o mesmo número de homens e mulheres, nunca andamos muito longe da verdade.
J. Waterloos: Homens a cantar (Zingende mannen), 1680–1684. Rijksmuseum, Amesterdão (daqui) |
Um dos meus companheiros, mais disposto a repensar mitos que os outros, aceitou que, de facto, isso de sete mulheres para cada homem não podia ser; mas que havia muito mais mulheres que homens, pelo menos o dobro, disso ele não tinha dúvida nenhuma. Já não me lembro de quem propôs a aposta, mas o facto é que apostámos uma garrafa de whisky.
A questão era como provar que tinha razão. Isto foi em 2000. O acesso à Internet era por modem e era limitada a informação disponível em linha. Tive muita sorte. Tinha acabado de sair um documento oficial boliviano (um livro grande, em bom papel e com boa qualidade gráfica, por tal sinal, cheio de ilustrações) com dados demográficos atualizados. Encontrei o livro no escritório do programa de desenvolvimento agrícola onde trabalhava a minha mulher e pedi-o emprestado um dia. Os meus conhecidos do bar não podiam refutar a fonte. Tiveram de reconhecer que na Bolívia há mais ou menos tantos homens como mulheres, só com uns quantos homens a mais, coisa muito pouca. Como no resto do mundo... E eu achei por bem dividir com eles a garrafa de uísque que acabava de ganhar, para os tentar consolar das mulheres que cada um acabava de perder.
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* Chuflay é uma bebida boliviana: gasosa com singani, aguardente de uva moscatel.
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