02/09/14

A angústia do guarda-redes na altura do penálti

[O título é mais conhecido que a obra, creio eu – ou as obras, seja, porque há o livro de Peter Handke e o filme que Wim Wenders fez baseado no livro. Eu, pelo menos, conheço o título sem nunca ter lido o livro nem visto o filme, infelizmente. Assim sendo, não sei como se deve interpretar o título no contexto da obra e quero deixar claro que o que se segue não diz, de modo algum, respeito às obras de Handke e Wenders, mas apenas... à angústia do guarda-redes na altura do penálti.]

O meu filho disse-me hoje que não tinha querido marcar um penálti. Tiveram que desempatar um jogo a penáltis e, em princípio, cabia-lhe a ele marcar um, mas ele não quis:
Estava sem confiança e nunca se deve marcar um penálti quando se sente falta de confiança. 
Segundo o Alexander, além de não se poder hesitar, também não se pode nunca virar as costas ao guarda-redes.
É preciso olhar sempre para o guarda-redes, de preferência nos olhos, se se puder. E tem de se manter sempre a decisão inicial – se a primeira coisa que pensámos foi chutar rasteiro para a direita, tem de se chutar rasteiro para a direita. Senão, falha-se, não há nada a fazer, falha-se mesmo!
Numa coisa estamos de acordo, ele que percebe tanto de penáltis e eu que não percebo nada:
É extremamente difícil defender um penálti bem marcado e, quanto mais não seja porque se marcam mais penáltis do que se falham, espera-se mais o golo que a defesa. Quem marca o penálti sente-se com muito mais obrigação de marcar que o guarda-redes de defender. É natural que o guarda-redes sinta alguma angústia na altura do penálti, mas é muito maior a angústia de quem o marca.

2 comentários:

jj.amarante disse...

Bem observado. Agora fiquei a pensar porque falam no guarda-redes e não no marcador. Talvez seja do tempo de infância em que muitas vezes escolhiam o guarda-redes por ser o jogador mais fraco e teria tendência a servir de bode expiatório, por isso o guarda-redes já sabia o que o esperava caso não conseguisse defender.

Helena Araújo disse...

Pois é, bem observado!
E eu a pensar que sobre essa angústia já estava tudo dito...