26/08/22

Histórias de ilhas [Crónicas de Svenddborg #44]

Placa na ilha de Strynø indicando
direções e distâncias de outras ilhas. 

A Dinamarca é um país pequeno, mas tem uma linha de costa muito comprida: 8.750 km de litoral para um país de 43.000 km2 é obra! Tem também muitas ilhas: mais de 400 com nome e, segundo dados de 2013, 75 habitadas (aqui têm uma lista ordenada por número de habitantes). 

Algumas ilhas são privadas. Agora, quando pensamos em ilhas privadas, temos tendência a associá-las a gente de muito dinheiro, mas nem todas as ilhas privadas da Dinamarca pertencem a milionários que as compraram para lá passarem uns diazinhos de férias. Passo a contar-vos um bocadinho da história de Halmø, uma ilha do Arquipélago Meridional da Fiónia. Traduzo, para começar, um artigo do canal 2 da televisão dinamarquesa datado de 9 de março de 2019

«Há mais de quatro décadas que Peter e Gitte Didrichsen são proprietários da ilha de Halmø no Arquipélago Meridional da Fiónia, entre a Fiónia propriamente dita e Ærø. Mas o casal optou agora por pôr a ilha à venda. A ilha tem 43 hectares e a casa de 200 metros quadrados [a única casa da ilha] está incluída na venda.

– A minha esposa e eu temos ambos 82 anos. Tratar disto exige muito tempo, era mais fácil quando comprámos a ilha há 40/50 anos – diz Peter Didrichsen. (…) 

Os Didrichsen tinham anteriormente afirmado que (…), quando já não pudessem tratar da propriedade, prefeririam não vender a ilha e queriam antes que continuasse a ser da família. Mas (…) os quatro filhos do casal não estão muito interessados em ficar com a ilha.

– Acho que tudo tem o seu fim, mas estamos tristes por termos de nos desfazer da ilha, devo dizer. Gostámos muito de aqui viver desde o início dos anos 70 (…).»

A ilha de Halmø vista de outra ilha, Ærø. 
Foto de Erik Christiansen, 2004, daqui. Atribuição Creative Commons.
É assim a vida, já ninguém quer ser agricultor, e menos ainda numa ilha pequena. Halmø não é a única ilha que era propriedade agrícola habitada até há pouco tempo e está agora desabitada.

Quando o artigo foi publicado, a casa de Halmø estava avaliada em 3,8 milhões de coroas dinamarquesas (≈510.000 €) e o terreno em cerca de 1,2 milhões de coroas dinamarquesas ((≈161.000 €) e. Mas a agência imobiliária pedia no mínimo 15 milhões (dois milhões de euros). Os dez milhões extras deviam ser o valor de ter uma ilha só para si. Não há obrigatoriedade de residência, como há normalmente na Dinamarca para uma casa deste tamanho, de maneira que se pode usar a casa só como casa de férias. Em 2020, a ilha foi comprada por uma firma, por 9,8 milhões de coroas. Não faço ideia do que querem lá fazer ou do que lá já tenham feito, mas sei que se pode visitar a ilha – se se tiver um barco para lá chegar.  

Aqui muito perto de nós, a ilha de Siø também foi vendida há quatro anos. É uma ilha pequenina que está ligada à nossa por uma ponte que não se nota que o é, de maneira que não se dá forçosamente pela sua existência. Esteve à venda dois anos e meio e o preço foi baixando de 39 milhões de coroas (≈ 5.245.000€) para seis milhões e meio (≈870.000€). Não é muito dinheiro, sobretudo quando há várias construções em bom estado na ilha. Há casas (casarões!) aqui na aldeia que custam mais que isso.

E depois têm sido vendidas vários outras nas últimas décadas, de tamanhos e preços variáveis. A mais barata foi pelos vistos Peberholm, no fiorde de Roskilde, que foi vendida por menos de dois milhões de coroas. Também não é muito grande


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