16/12/25

Turismo arquitetónico em Bispebjerg [Crónicas de Svendborg #54]


Bispebjerg é um bairro periférico de Copenhaga, nem propriamente rico nem propriamente bem-afamado, que não parece ser, à primeira vista, destino turístico. Mas é. E é-o porque está lá situada a Igreja de Grundtvig, um dos edifícios mais famosos da Dinamarca. 

A igreja e os edifícios que a rodeiam foram concebidos em 1913 por Peder Vilhelm Jensen-Klint, que supervisionou a construção desde o início, em 1921, até à sua morte em 1930. As obras, que ficaram depois a cargo do filho de Peder Vilhelm, Kaare Klint, só terminaram em 1940. A igreja é considerada um excelente exemplar de arquitetura expressionista.

Vivo na Dinamarca há muitos anos, conheço bem o país, interesso-me por arquitetura, vivi não muito longe de Bispebjerg, mas, vá lá saber-se porquê, nunca tinha ido ver a Igreja de Grundtvig. E no fim de semana passado, quando fui, a igreja estava fechada e não pude ver o interior, que é, toda a gente o diz, tão bonito como o exterior. Foi azar. E falta de organização, claro.

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Agora, se um dia forem ver a Igreja de Grundtvig em Bispebjerg, aconselho-vos mais dois complexos arquitetónicos ali perto. Um é o Hospital de Bispebjerg, construído na maior parte entre 1906 e 1913. O responsável pelo projeto foi Martin Nyrop, um arquiteto da escola romântica nacionalista. Segundo o livro lançado nas comemorações do centenário do hospital, embora mantendo o seu estilo nacionalista, Nyrop deixa-se também influenciar por Art Nouveau, e por outros estilos muito mais antigos. O resultado é, na minha opinião, bastante simpático. E não parece muito um hospital, pois não?

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O outro complexo que aconselho a visitar se algum dia forem a Bispebjerg é Bispebjerg Bakke, a «Colina de Bispebjerg». É um conjunto de 11 prédios que contêm 135 apartamentos e se organizam em dois blocos. O que é curioso é que o complexo, construído entre 2004 e 2006, não foi originalmente concebido por arquitetos, mas sim por um escultor, Bjørn Nørgaard, que fez em barro os primeiros modelos do complexo, antes de entregar o trabalho de arquitetura propriamente dito à firma Boldsen & Holm. Além do tradicional tijolo dinamarquês, são usados materiais menos comum, como madeira nua e lajes de cerâmica vidrada. Não sei se o termo neomodernismo se pode aplicar com propriedade a Bispebjerg Bakke, mas as formas arredondadas fazem lembrar as experiências biomórficas de alguma arquitetura modernista. Seria interessante ver como se organizam os apartamentos por dentro. Sei que alguns se dividem por dois ou três andares. 

Sobre as imagens: As fotos da Igreja de Grundtvig são da Wikipedia, daqui, daqui, daqui e daqui. Não consegui, com o meu telefone, tirar boas fotos da igreja, além de que, como disse, não pude visitar o interior. Todas as outras fotos são minhas.


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