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Hoje está suave, como dizem os franceses.
O sol brilha frio, mas, a desafiar os 10 graus,
dlim dlim, dlim, a carrinha dos gelados!
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Em memória dos soldados franceses e belgas mortos de gripe em 1919. Wikimedia Commons. |
Portugal mobilizou para aquele território, ao longo dos vários anos, 19.438 militares da metrópole, 985 portugueses recrutados localmente e 10.278 africanos, e recrutou 90.000 carregadores, 60.000 fornecidos ao Exército português e 30.000 às forças britânicas ["A campanha de Moçambique", in Martins, Ferreira, Portugal na Grande Guerra, Vol. II, Lisboa, 1938, p. 186.].Os números são confirmados por outras fontes em A guerra em Moçambique. 5. última fase da campanha, de Manuel Amaral (negrito meu):
As forças portuguesas vindas sucessivamente da Metrópole atingiram 18.613 praças, enquadradas por 825 oficiais.Se já não devia ser fácil, para alguns soldados portugueses, compreender que guerra era aquela e por que combatiam, imaginem o que significaria a guerra para todos aqueles moçambicanos, que pouco ou nenhum contacto tinham tido com europeus e que eram recrutados à força e obrigados a lutar e a morrer por nações que não tinham, para eles, o mínimo significado.
As 30 companhias indígenas e as 6 baterias indígenas de metralhadoras mobilizaram 303 oficiais, 682 graduados europeus e 10.278 soldados indígenas, havendo mais a contar duas baterias de montanha e uma companhia montada da Guarda Republicana de Lourenço Marques. As forças de marinha mobilizaram um batalhão de duas companhias. Mobilizaram-se também 8.000 auxiliares indígenas das capitanias mores de Moçambique [Livro de Ouro da Infantaria, pág. 100. Artigo de Álvaro de Castro].
Assim as nossas forças mobilizadas atingiram nesta colónia um total de 39.201 homens.
Os carregadores portugueses fornecidos às tropas inglesas elevaram-se a 30.000 10 e os empregados pelas nossas tropas atingiram 60.000; as perdas totais na nossa população indígena de Moçambique deviam ter-se aproximado de 100.000 almas [Dr. Egas Moniz, Um ano de política, 1919. (Apontamentos da Delegação à conferência da paz)].
"General Smuts inspecionando uma unidade nativa sul-africana em França", provavelmente por John Warwick Brooke. http://digital.nls.uk/74548224. |
Definição de avó – artigo redigido por uma menina de 8 anos no Jornal do Cartaxo, Portugal…
Uma avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem «Despacha-te!». Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes. As avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.Toda a gente deve fazer o possível por ter uma avó, sobretudo se não tiver televisão.
Este artigo circula na Internet como sendo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no Jornal do Cartaxo. Provavelmente a história não será bem esta, até porque creio que nem existe um jornal exatamente com este nome, mas sim um Jornal O Povo do Cartaxo. Mas tudo isto são pormenores, perante a verdadeira delícia que é este texto.
Li isto num livro chamado Lar Doce Lar de um dos meus autores prediletos, o Dr. James Dobson. Ele conta que "há muitos anos, uma menina de 4 anos, chamada Sandra Louise Doty, sentou-se numa banqueta numa floricultura, enquanto sua avó atendia os compradores. Quando a avó e a neta conversaram, a menina começou a descrever o que ela achava ser uma avó. A idosa senhora anotou as palavras de Sandra, que têm sido citadas em todos o mundo. Sandra é atualmente a Sra Andrew De Mattia, e deu-nos permissão para transmitir a você sua composição original, intitulada “O que é uma avó”.
Uma avó é uma senhora que não tem filhos seus, / mantém-se sempre ocupada a coser coisas que precisam de ser cosidas. / Gostam das meninas dos outros e dos meninos também, / mas tens de ter cuidado, senão tropeça-te nos brinquedos. / Não tem de fazer muito, a não ser só estar ali, / nunca tem de dizer «Despacha-te lá» nem de olhar quando estás nu. / As avós usam todas óculos e roupa interior esquisita, / e conseguem tirar dentes e gengivas e depois levá-los a consertar. / Não têm de ser espertas, mas têm de saber, as avós, / por que Deus não é casado e que altura tem o céu. / Nunca falam à bebé, como as outras visitas, / e são incrivelmente justas a fazer coisas à vez – agora és tu, agora é ela. / Um avô é um homem-avó; traz o carvão para dentro, / vai pôr o lixo lá fora, depois acha que vai dar uma voltinha… / As avós leem-te histórias, todos deviam ter uma, / sobretudo se na sala de estar não houver televisão[4].
A minha mãe vivia em Inglaterra e há muito tempo – anos antes de haver Internet – encontrou as ideias de base para a canção sobre as avós, apresentadas como se tivessem sido criadas algures por uma criança. A minha mãe mandou-me o texto. Não faço ideia de quem o terá escrito de facto, mas fiquei desconfiado e duvidei de que tivesse realmente sido uma criança.Transformei o texto na minha canção, tirando alguma coisas que não conseguia encaixar e fazer rimar, e acrescentado alguns bocados meus.Tenho de admitir, porém, que é uma das minhas canções de que gosto menos! Talvez seja porque sou agora tão egocêntrico que só canto canções que tenha escrito eu próprio! Não é bem verdade, mas quase. Decididamente, roubei as ideias do original e não é nada o meu estilo!
Fiquei assim a saber que, ao contrário do que eu pensara inicialmente, o conteúdo do texto não foi criado por Paul Tracey. Provavelmente, devia simplesmente partir do princípio que a autora era mesmo a tal Sandra que James Dobson referira. Mas, enquanto não me decidia a dar por terminada a pesquisa, ia displicentemente variando um pouco as pesquisas em Google. E tive de repente novos resultados: Há no site Jokes from the Web, de Richard Lowe, uma carta de uma senhora chamada Sandra L. DeMattia, que reclama a autoria do texto [traduzo eu]:Para o seu blogue, sugiro que esta obra em particular de facto não viajou nada depressa. Se, como me diz, anda agora a circular, isto demorou muito tempo a acontecer. Acho que, pessoalmente, já topei com ela 3 vezes desde que escrevi a canção há cerca de 40 anos
A obra que publicou chamada “O que é uma avó?” não foi escrita por uma turma de crianças de oitos anos nem por uma menina da terceira classe. Foi uma conversa que uma menina de 3 anos teve com a avó em 1952. Foi publicada pelo primeira vez em meados dos anos setenta pelo Dr. James Dobson e depois noutro livro seu de 1996 chamado Home with a Heart. Esta entrada aparece nas páginas 20 e 21. Se for possível, poderia corrigir a autoria? Como já disse a outros administradores de sites da Internet, sei que sou um bocadinho forte – como a minha avó – mas não tanto que se me possa considerar um grupo ou uma turma. Continue, por favor, a usar o texto, já que ele parece fazer sorrir avós em todo o mundo. Como já deve ter adivinhado, sou eu a menina de três anos – 53 anos mais tarde. Se quiser mais alguma informação sobre o assunto, sinta-se à vontade para me contactar[5].É fácil verificar que James Dobson publicou de facto livros nos anos 70. O facto de a referência ser mais uma vez vaga (só a referência à edição de 1996 é que dá páginas) e de não haver uma identificação mais concreta desta Sra. DeMattia não ajuda muito a acreditar que estejamos finalmente perante a verdadeira autora do texto original[6]. Bom, podia ter escrito a Richard Lowe a perguntar, podia ter encomendado um ou mais livros de James Dobson, ou até ter-lhe escrito também, para tentar descobrir mais alguma coisa, mas não – prefiro desistir desta história e dedicar-me antes a outras… como direi?... atividade mais proveitosas.
O globo tem vindo a tomar uma nova forma,
mas não foi ainda decidido que forma será ao certo… (1940) |
– Mas afinal, Péricles, o que é profundidade?
– É quando uma pessoa fica calada e franze o sobrolho. (1941)
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– Ouve, Teseu, isto agora já não dá para pedir uma ajuda para um cafezinho.
– Não, o melhor agora é dizer que é para meia dúzia de ostras. (1942)
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– Plantam-se todos os anos 50.000 árvores de fruto,
mas há que esperar 5 anos até começarem a dar fruto. |
– E temos finalmente paz.
– Sim – só falta agora é cerveja (1945).
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Descoberto o caminho marítimo da Índia, abriu-se à expansão portuguesa um campo ilimitado de atividade em todo o Oriente: sem falar da costa oriental de África (…), desde os portos da Abissínia e da Arábia até os da China e do Japão (…), as caravelas e naus de Portugal, ou vitoriosas na guerra ou abarrotadas de especiarias, dominaram, certamente, os mares de todo o século XVI. Os escritores estrangeiros que trataram dessa história fazem justiça ao esforço maravilhoso dos Portugueses e não lhes regateiam a sua admiração. «A audácia impetuosa da heroica pequena nação, diz um grande escritor inglês nosso contemporâneo, é pura epopeia, comparado com o qual o nosso primeiro esforço na Índia é prosa chã [Hunter, A History of British India, 1, página 3]». «O Oriente, cheio de mistérios e de riquezas, o Oriente donde vinham as sedas, as pérolas, os perfumes, as especiarias, a Índia e a China, principalmente, exerceram sobre as imaginações vivas e curiosas dos nossos antepassados uma verdadeira fascinação. Encontrar um caminho mais curto ou mais seguro para chegar a essas regiões privilegiadas, fazer concorrência aos Venezianos… era então o alvo dum grande número de espíritos ousados e aventureiros. Daí as tentativas insistentes que os marinheiros portugueses prosseguiram durante quase um século, para eterna honra sua, com uma heroica perseverança. (…) Disse-se com verdade que nenhuma nação fez tão grandes coisas como Portugal, em comparação com a sua superfície e população [Leroy-Beaulieu, De la colonisation chez les peuples modernes, I, páginas 2 e 41]».
Todavia, em França ainda há quem escreva a história assim: «Depois da tomada de Malaca pelo grande Albuquerque, os Portugueses… espalharam-se pelos países da Indochina. Não se pode dizer que os seus atores foram nobres, nem que a sua influência foi feliz: eles comportaram-se em quase toda a parte como verdadeiros piratas… [Lavisse e Rambaud, Histoire Générale, V, pág, 924]».
Moral |
Frederik van Valckenborch, Paisagem com naufrágio,1603, óleo sobre tela, 100 × 199,5 cm, Museu Boijmans Van Beuningen, Roterdão (Wikimedia Commons)
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