07/11/11

Livros em segunda mão #2: Storm P. 1940-1948 [Crónicas de Svendborg # 6]

Comprei numa feira da ladra em Svendborg, pela módica quantia de 10 coroas*, um livro chamado Robert Storm Petersen, Desenhos e textos 1939-1949. Ninguém conhece Robert Storm Petersen por este nome – é Storm P. que lhe chamam e era também assim que assinava textos e desenhos. Figura de culto, Storm P. é, para mim, sobretudo uma figura estranha: irregular no traço e nas piadas, tem desde desenhos muito bons a desenhos bastante sofríveis e o mesmo se pode dizer das suas graças, que são às vezes muito engraçadas e outras vezes sem graça por aí além. Mas fez um pouco de tudo e foi às vezes pioneiro nesse um pouco de tudo que fez: banda desenhada, por exemplo, e animação. Há também quem defenda que é ele, e não Yogi Berra, o autor daquela frase célebre que se usa muito em conversas sobre futebol, “É difícil fazer previsões, sobretudo sobre o futuro”. Deixo-vos aqui alguns cartoons que tirei do livro que comprei numa feira da ladra em Svendborg, pela módica quantia de 10 coroas, lembram-se?
O globo tem vindo a tomar uma nova forma, 
mas não foi ainda decidido que forma será ao certo… (1940)

Isto seria mesmo horrível, 
se não fosse por prazer (1940)

– Mas afinal, Péricles, o que é profundidade?
– É quando uma pessoa fica calada e franze o sobrolho. (1941)
– Ouve, Teseu, isto agora já não dá para pedir uma ajuda para um cafezinho.
– Não, o melhor agora é dizer que é para meia dúzia de ostras. (1942)
– Plantam-se todos os anos 50.000 árvores de fruto, 
mas há que esperar 5 anos até começarem a dar fruto.
– Porque não as plantam cinco anos antes, então? (1943)
– Como agora se conseguiu fabricar uma bomba que destrói tudo, 
torna-se, pois, necessário fabricar outra bomba que consiga destruir a primeira.
– E temos finalmente paz.
–  Sim – só falta agora é cerveja (1945).
– Não é fácil, porque, quando se arranja num lado, estraga-se noutro. (1948)
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* No meu tempo, 10 coroas eram 5 escudos, mas isso são outras quinhentas... Outras coroas, seja. E que presunção, no meu tempo, como se eu alguma vez tivesse tido um tempo meu...

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